«Mobscene»?




O gosto pelo grotesco, pelo obsceno, por tudo o que é excêntrico. O desejo de diferenciação, mesmo que pela negativa. Ninguém quer saber de convencionalismos.  Ninguém se interessa pelo que já foi dito uma infinidade de vezes, pelo que não traz nada de novo. A própria beleza é sobrevalorizada. 

Recordando o debate sobre o Marilyn Manson, a questão que foi posta no ar, praticamente impossível de responder: mas como é que este gajo só anda com mulheres podres de boas? Logo de imediato foram apresentadas opções como: as gajas sofrem de glaucoma; só estão interessadas no dinheiro (logo posta de parte, porque nenhuma delas apresenta um historial de pobreza); ele tem uma personalidade bonita e sabe pintar (parece que as miúdas gostam da faceta artística), as mulheres revelam a sua natureza maternal e protectora perante almas atormentadas; ele é arraçado de preto da cintura para baixo; e por fim uma das melhores teorias,  a de que no fundo, no fundo, as gajas não passam de lésbicas (devido ao aspecto andrógino do senhor),  «gostavam de experimentar na faculdade e ainda se lembram com carinho e curiosidade daquela noite em que estavam meio bêbedas e a amiga delas teve a ideia de darem só um beijinho para ver como era e acabaram a comer-se no meio da pista com toda a gente a olhar com ar de intrigado mas a gostar demasiado para fazer alguma coisa em relação a isso».

Eu fiquei-me pela teoria da inteligência. A ideia de que as mulheres só querem um gajo giro e não valorizam a massa cinzenta está quase tão desenraizada como os convencionalismos. Não defendo a escolha de um Manson como parceiro para a vida (até porque ele é do tipo de pessoa que pôs a ex-mulher em tribunal por ela não lhe devolver os gatos), mas a inteligência é um factor essencial (de notar que se torna ainda mais sexy quando falamos de alguém como, por exemplo a minha última obsessão, o Dr. Reid, pequeno génio da série Criminal Minds). Ninguém quer um parceiro que responda «Han?» cada vez que queremos exercitar os neurónios e discutir o Orçamento de Estado ou quem deve ser eleito nas próximas presidenciais. 

Já defendi em tempos a ideia de que não precisava de um gajo inteligente, porque não o queria para me ler Os Lusíadas. Agora quero aquele que, quando me refiro a logografia, saiba do que estou a falar e não pense que é uma nova marca de Legos. Quanto ao Marilyn... bem, acho que se aceitam mais teorias.

Comentários

  1. Então e quando é q estás a pensar pagar-me os royalties?...

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  2. A verdadeira questão é: Como é que um homem (enfim...) se casa com uma mulher que não lhe devolve os gatos?

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