Até gostava...



... de dizer, escrever alguma coisa. Qualquer coisa. Mas quando o fiz saiu só isto. Apenas e nem mais uma linha. Assim, tal e qual, sem qualquer lógica ou propósito.

... de pôr o medo de lado, deixar-me desta cobardia que me prende aqui. Arriscar mais, porque quando não se tem nada também não há nada que se possa perder.

... de sentir na pele o clima e não ter pressa de fugir da chuva. Fugir para onde? Acabo sempre por regressar, por muito que às vezes não queira.

... de não me deixar afectar por lembranças, de não me prender ao passado, de não reviver vezes sem conta as mesmas cenas, como numa película estragada.

... de chorar à vontade, sem vergonha nem culpa nem medo de que alguém possa ver. De rir como nunca mais o fosse fazer na vida.

... de dizer, de escrever alguma coisa. Qualquer coisa. E afinal não saiu só isto. Muitas linhas borbulharam e expandiram-se. Assim, tal e qual, plenas de lógica e propósito.

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