Como seres imperfeitos que somos, tendemos para a incessante busca das várias formas de perfeição. Perfeição que está ao nosso alcance, que diverge nas diferentes concepções de cada um, perfeição que chega a ser monótona. Gosto de inícios perfeitos. De saber que podia ser genial se, pelo menos, tentasse.
A primeira coisa que me pedem é um título. Assim, sem preâmbulos nem preparação prévia. Como se estivesse logo ali, na ponta da língua, pronto a ser cuspido cá para fora. Um título, que é a coisa mais difícil de se escrever.
Dizem que tentar não custa. Que este, mais do que qualquer outro, é o momento de arriscar. Que ideias não me devem faltar e tudo o que preciso é de deixar que o mundo as veja, que me veja. Eu não digo nada, mas penso que longe vão os meus dias de criatividade. E que nada mais posso debitar agora do que um monte de incongruências.
Toda a gente sabe que o título tem de ser apelativo, conciso, possante e mais uns quantos adjectivos pomposos que não ajudam ninguém na sua escolha. Quanto de nós é permitido mostrar? O medo de não dizer ou de, por vezes, dizer demasiado.
Tudo o que podia querer para aquela tarde era ver o sol a despedir-se do rio enquanto despejávamos palavras. Aquele abandono de fim de dia, quando parece não haver mais nada que valha a pena ser dito. Ficar a pensar em decisões e viagens, projectos e sonhos e o tempo de uma vida para os realizar. O tempo que nem sempre é suficiente.
Não demorei muito a decidir-me. Não costumo demorar muito tempo em nada. A pressa de viver faz com que às vezes me esqueça de apreciar os instantes. Deixei muita coisa pelo caminho, mas decidi-me. Apressei o meu regresso, mesmo sem saber ao certo o que fazer com ele sem ser conservá-lo.
Acabamos por ficar em silêncio e pressentimos, mais do que desejamos, que chegou a hora. O rio já ficou para trás. Tudo ficou para trás. Nada há para me aquecer o corpo.
Bom, então agora que o mais difícil já está, venham mais!
ResponderEliminarObrigada por teres sido uma inspiração. Agora já me sinto à vontade de também eu criar um!
ResponderEliminarVi,
ResponderEliminarrevi-me tanto nas tuas palavras. Senti até um certo conforto ao lê-las, dentro do desconforto de as sentir e de saber que também as sentes.
Mostra tudo. O que é bom é para se ver (já dizia o outro).*
E assim num ápice lá estávamos nós sentados em bancos de comboio a ver o rio e a falar de tudo... Será que essa tarde foi o primeiro embalo para o precipício da nossa vida? Porque daqui para a frente será isso mesmo: um salto no escuro, na incógnita. E tanto nos deu que pensar que o regresso foi mesmo em silêcio!! Nice post:)
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