Irremediável



Gosto de pensar que sou uma pessoa que não cede facilmente a clichés. Que se há alguma coisa a ser dito ou feito, que seja então de forma diferente. Nada mais resta a não ser primar pela diferença num mundo onde uns são mais iguais do que outros. 

(e é quando a urgência e o absoluto sobem à desfilada pelo meu corpo ou descem-me a galope pela espinha, não sei bem, e mais do que ter certezas, sinto que a mudança se aproxima e eu tenho medo de a deixar fugir sem me aperceber da sua chegada.)

Não é por estarmos em época festiva que vou moderar o tom. Desencantado, amargo, céptico. Tornar-me na pessoa adorável que não me apetece ser. Se não fiz votos natalícios a ninguém, tampouco o farei relativamente ao novo ano que se prepara para entrar. Nunca o meu ano foi melhor ou pior porque alguém assim mo desejou, tal como nunca a vida me perguntou o que queria dela. 

(se pudéssemos inventar novas palavras talvez não precisássemos de as repetir vezes sem conta, até estarem gastas, até perderem o significado, até de tanto serem ditas já não quererem dizer nada.) 

Se não for agora não o farei nunca e sei que há-de chegar uma altura em que tudo será irremediável.

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