Depois de




Só a escrever me consigo encontrar. Só junto das palavras. Não consigo fazer planos – não mos permitem. Quando idealizo e a expectativa se começa a materializar palpitante, eis que tudo se desmorona. Deixei de lado os planos. Deixei de lado muita coisa. Ponho os dedos na boca e fico assim muito tempo a tentar não chorar. Se ao menos conseguisse roer as unhas. Se ao menos tivesse genialidade suficiente para escrever um livro, mas também não são necessários mais livros de enigmas. Não são necessários novos livros para se perceber mais ou menos da vida. 

Não quero perceber nada. Não quero sequer falar disso.  

E depois de? Da juventude que se perde a cada dia. Depois de pensarmos que temos tempo mais que suficiente para concretizar os nossos sonhos. Depois de falharmos naquilo que sonhámos porque o tempo se esgotou. E depois de? Depois de vivermos o tempo que nos concederam para viver. O tempo emprestado. O tempo que nunca esperou. Que há depois de tudo isso?

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