O tempo



Dias, semanas, meses. Os segundos passam, os minutos arrastam-se, as horas escorrem. Não me quero lamentar, estou cansada de lamentos. Quero, sim, chorar, lágrimas gordas, soluços incontroláveis, chorar sem que ninguém me veja, como sempre fiz. Quero, sim, que esta sensação desapareça, que se vá embora de vez, já me anda a acompanhar há tanto tempo. Dias, semanas, meses.

Tenho tanto para dar. Tanto para conquistar. Tão pouco tempo para o fazer.

Assumo que a culpa é minha quase tão depressa quanto me convenço que fiz tudo o que podia. Terei feito? Não. Breve e cruel, a resposta não tarda a chegar. Há sempre alguma coisa deixada por fazer, por dizer, há sempre alguma coisa que falha. Não tenho tempo para falhar.

Aquelas agradáveis quebras na rotina. Não vai faltar muito para não existir esta rotina para quebrar. Não vai faltar muito para se esgotar este tempo. Se fosse possível voltar atrás?

Cansei-me de lamentos. Cansei-me do tempo que não espera por mim. Não sou optimista, só os tolos são optimistas. Quero ser confiante, mas insistem em cortar-me as asas, as pernas, os membros todos do corpo.

Merda, eu disse que não me queria lamentar.

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