Reconciliação


Como é bom, por uma vez que seja, conseguir dizer exactamente o que queria dizer, vómito de palavras, todas a saltarem cá para fora, ainda que a medo, ainda que a custo, ainda que. Como é bom que depois de tudo dito ainda me queiras. Como é bom. Um por um, os medos vão-se dissipando. 

Como é difícil falar de amor. Amor, aquele sentimento (ou  estado de espírito?) por que todos anseiam, a embriaguez de amor ou talvez da ideia dele, do que é ou deveria ser. Como é difícil dizer amo-te. Como é bom que consigas percebê-lo, dia após dia, sem que palavras sejam necessárias. 

Como é gratificante fazer-te sorrir. Alturas houve em que julguei ter perdido essa capacidade. Quando o corpo deixa de obedecer, o cérebro a gritar frenético age! faz qualquer coisa!, mas o corpo é surdo e pesa como chumbo e recusa-se a colaborar. Como é difícil fazer a separação entre o corpo e a mente e, ao mesmo tempo, preservá-los.  

Como é quente este arrepio que me remexe as entranhas. Como é gratificante saber que causo em ti efeito semelhante.

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